Os custos com o quadro de funcionários vão muito além do pagamento do salário. E muitas empresas não colocam esses gastos na ponta do lápis, o que pode prejudicar no planejamento financeiro.
Saber quanto custa exatamente um funcionário é importante para calcular o orçamento mensal da empresa e para se proteger de processos trabalhistas.
E, claro, também contribui para que a empresa consiga negociar aumentos salariais, benefícios corporativos e capacitações. Colaboradores que são reconhecidos financeiramente ficam mais satisfeitos profissionalmente e tendem a ficar mais motivados e produtivos. O que reflete em todo o desempenho do seu negócio.
Veja agora como fazer o cálculo e qual o valor de um funcionário para sua empresa.
Quais são os custos de um funcionário?
De maneira geral, podemos dizer que um funcionário custa de 2,5 a 3 vezes mais que o próprio salário. É o que mostra o estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas.
A variação depende, principalmente de dois fatores:
1. Tempo de serviço
O estudo mostra que o tempo que o funcionário está no emprego interfere no seu custo para a empresa.
Para um funcionário com um ano de empresa, o custo aproximado é de 2,83 vezes o seu salário. Já para quem está há 5 anos no emprego, o custo cai para 2,55 vezes.
2. Regime em que a empresa é enquadrada
Os encargos sobre a folha de pagamento (maior custo nossa conta) variam conforme o regime que a organização adota.
Se a empresa está enquadrada no regime de Simples Nacional – para organizações com faturamento menor que R$ 4,8 milhões –, terá encargos menores que aquelas em regime de Lucro Real ou Presumido – com faturamento até R$ 78 milhões por ano:
- Simples Nacional: 39,37% de encargos tributários, considerando principalmente a isenção do INSS
- Lucro Real ou Presumido: 68,18%.
Quais custos considerar?
Além dos impostos, recaem sobre a empresa os seguintes custos com o funcionário:
- 13º salário
- Férias
- Vale-transporte e alimentação
- Horas extras
- Plano de saúde e seguro de vida (caso tenha)
- Reajustes salariais anuais
- Gastos com afastamentos e absenteísmo
- INSS, além de salário-maternidade, paternidade e outros benefícios previdenciários
- FGTS, possíveis multas para rescisão de contrato, aviso prévio indenizado etc
- Seguro acidente de trabalho (SAT)
- Treinamentos
- Uniformes e equipamentos de proteção individual (EPIs)
- Programas específicos do setor de Gestão de Pessoas e outros benefícios corporativos.
Como calcular o custo total desse funcionário?
Para calcular esse valor sobre cada funcionário, deve-se considerar, portanto, os gastos com a contratação, a manutenção desse funcionário e sua possível rescisão.
É preciso somar os custos pagos diretamente ao funcionário (como salário e benefícios) e aqueles pagos ao Governo (impostos, INSS e outros).
Vamos considerar uma empresa enquadrada no lucro real para que você entenda os percentuais de encargos sobre cada custo.
É interessante lembrar que algumas resoluções sindicais podem fazer com que as alíquotas mudem, mas podemos tomar como base os seguintes valores:
- INSS: 20%
- Férias: 11,11%
- 13º salário: 8,33%
- FGTS: 8%
- Previdenciário sobre 13º/Férias/DSR: 7,93%
- Multa para rescisão: 4%
- Seguro acidente de trabalho (SAT): 3%
- Salário educação: 2,5%
Desta forma, se você considerar um salário de R$ 1.000:
- INSS: R$ 200
- Férias: R$ 111,10
- 13º salário: R$ 83,30
- FGTS: R$ 80,00
- Previdenciário sobre 13º, férias e DSR: R$ 79,30
- Multa para rescisão: R$ 40,00
- Seguro acidente de trabalho (SAT): R$ 30,00
- Salário educação: R$ 25,00
Total: R$ 1.000 + R$ 648,70 = R$ 1.648,70
E os outros custos?
Desse total acima, você deve ainda somar os demais custos que citamos há pouco.
- Lembre-se que 6% do vale-transporte é pago pelo próprio funcionário dentro da folha de pagamento e para a empresa ficam os demais 94%.
- Já no caso do vale-alimentação, cada empresa tem sua política de cobrança. Pela Lei, a empresa pode cobrar do funcionário 20% do valor do benefício e pagar pelo restante.
- Para considerar os afastamentos de licença-maternidade e paternidade e auxílio-doença, considere mais 1% para cada.
Agora, inclua os benefícios corporativos, custos de treinamento, programas de RH, horas extras e outros.
Por que investir no seu funcionário?
Quando pensamos neste custo unitário e calculamos o valor total do quadro de funcionários, o montante mais alto pode assustar e a tendência é tentar reduzir custos.
Mas é preciso ter em mente que o investimento sobre o funcionário tem retorno. Isso porque quanto mais satisfeito o colaborador estiver, mais motivado e engajado com o trabalho estará.
O bem-estar no ambiente corporativo vem, primeiramente, da valorização que a empresa tem sobre o profissional. E essa valorização pode ser monetária – com os salários justos e benefícios – e, também, não monetária, o que chamamos de salário emocional.
Trata-se dos ganhos que o trabalhador tem com a empresa que trazem felicidade, mas não são investimentos financeiros.
Retorno sobre o investimento em benefícios (ROI)
Para que você saiba exatamente qual o retorno dos investimentos em benefícios corporativos e políticas de RH, é possível fazer o cálculo do ROI.
Assim, você terá uma métrica para mensurar e avaliar o desempenho das suas estratégias. Caso o ROI não esteja satisfatório, a gestão pode mudar suas decisões.
Para calcular o ROI, a fórmula é a seguinte:
ROI = (Receita – custo do investimento / custo do investimento) x 100
A receita seria o ganho financeiro obtido por aquela ação. Alguns benefícios, porém, são intangíveis, como o nível de felicidade do funcionário no trabalho. Mas você pode estipular outros indicadores que refletem o resultado dessa satisfação, como:
- Redução do absenteísmo
- Aumento nas vendas
- Redução do turnover (rotatividade de funcionários)
- E outras.
O principal aqui é entender que investir em benefícios corporativos é uma maneira de valorizar o funcionário e criar uma boa imagem corporativa frente às equipes. Funcionários motivados produzem mais e melhor e isso reflete nos seus resultados.
Se as métricas não estão sendo favoráveis, é hora de reavaliar quais benefícios você está colocando no investimento e quais poderiam ser mais eficientes.
Para saber mais, veja 6 sinais de que você precisa repensar os benefícios da sua empresa.